terça-feira, 6 de julho de 2010

Brasileiros deixam de lado atividade física, mostra estudo

Em época de Copa do Mundo, o esporte está em alta. Apesar disso, poucos são os brasileiros que jogam bola ou fazem qualquer outro tipo de exercício nos horários livres. No Brasil, em cada grupo de 100 pessoas com mais de 18 anos, só 16 fazem exercícios físicos leves e moderados — como caminhadas, hidroginástica e musculação por 30 minutos — ou atividades mais pesadas, como futebol ou corrida, por 20 minutos diários. Segundo a pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, no Rio a média é um pouco maior: 16% dos adultos fazem atividade física no tempo livre.

“A média é muito baixa. A prática de exercícios é importante porque aumenta os níveis do colesterol bom, que é um protetor cardiovascular e diminui o risco de enfartes. Além disso, reduz o risco de diabete, hipertensão e o peso. A prática de exercícios físicos regulares também aumenta a produção de endorfina, que reduz o estresse, a ansiedade e a depressão”, explica o cardiologista André Triani, do Hospital municipal Paulino Werneck.

Nem as praias do Rio e os calçadões têm atraído os cariocas. Entre os homens, só 19,9% fazem exercícios nos horário livres. Já entre as mulheres, 13 em cada grupo de 100 adultas fazem uma atividade física.

“Deve-se fazer exercícios pelo menos duas ou três vezes por semana. O Rio tem áreas verdes e praias que estimulam a prática de esportes como futebol, corrida, surfe e ciclismo, e o carioca deveria aproveitar. Unindo isto a uma atividade que dê prazer, a mente relaxa e o estresse é amenizado”, afirma o coordenador geral da Academia da Praia e membro da Câmara de Fitness do Conselho Regional de Educação Física, Marco Antônio Ferreira.

A pesquisa nacional mostrou ainda que o número de mulheres com mais de 65 anos que faz exercício físico é maior do que o de mulheres com idades entre 18 e 24 anos. Enquanto 10,8% das idosas praticam exercícios, apenas 9,9% das mais jovens fazem atividade física regularmente.

O trabalho indica que o carioca tem preferido a televisão. O levantamento mostra que o Rio é o estado onde o maior número de pessoas assiste três horas ou mais de televisão por dia. Enquanto a média nacional é de 25,8%, no Rio 29,1% têm esse hábito.

Matéria Importante!! Médico ensina medidas simples para ter um coração saudável!

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que até 2040 o índice de doenças cardiovasculares no Brasil deve aumentar em 250%. Hoje, 300 mil brasileiros morrem anualmente por causa desses problemas. E de 14% a 25% dos infartos ocorrem sem sinal de dor. Além disso, 30% dos brasileiros são hipertensos, e, de cada cem, apenas de 25 a 30 têm a doença controlada. Com o estresse, o excesso de informações e a vida sedentária, o coração fica ainda mais sobrecarregado. Uma hora começa a falhar. O médico Cláudio Domênico, doutor em cardiologia pela UFRJ e membro do Colégio Europeu e Americano de Cardiologia, diz que medidas simples ajudam a proteger não só o coração, mas os demais órgãos. Ele lançou o guia "Detalhes" - que distribui a seus pacientes e amigos - com dicas de bem-estar. Nesta entrevista, ele ensina como melhorar a qualidade de vida.

ESTILO DE VIDA: "Um coração saudável mantém os outros órgãos saudáveis. Se o coração vai mal e bombeia sangue em quantidade insuficiente, o cérebro, os rins e o pâncreas sofrem. Daí a importância de prevenir e tratar a arteriosclerose, doença que pode começar precocemente e piorar, dependendo de estilo de vida e hábitos alimentares. Hoje há maior consumo de fast-foods, de produtos com mais corantes, antibióticos e hormônios. E, com os avanços tecnológicos, a vida tornou-se confortável demais; antes as pessoas se mexiam mais. O ideal é associar exercícios aeróbicos, como corrida, caminhada e natação, ao alongamento e à musculação (com orientação de Profissional de Educação Física), que retarda a perda progressiva de massa muscular. Exames são importantes, mas é fundamental que motivemos nossos pacientes a mudarem seu comportamento em benefício de sua saúde".

HORA DO CHECK-UP: "Pessoas sem sintomas e histórico de doença cardiovascular podem iniciar o check-up clínico-cardiológico a partir dos 35 anos. A avaliação inclui exame de sangue completo, teste de esforço, eletrocardiograma, consulta oftalmológica, ginecológica ou urológica. Se a pessoa quer praticar atividade física mais intensa, o médico deve incluir o teste de esforço e o ecocardiograma. É uma medida para tentar prevenir a morte súbita, cuja principal causa é a hipertrofia anormal do coração, que pode causar arritmias malignas. Apenas o exame clínico pode ser insuficien$para detectar essa alteração. Já o teste de esforço mostra, entre outras coisas, o comportamento da pressão em repouso e no exercício, o condicionamento físico, os sintomas e as arritmias na prática da atividade física. Por exemplo, a queda de pressão num esforço pode indicar entupimento grave de artérias coronárias".

OUTROS EXAMES: "Em pacientes com mais de dois fatores de risco cardiovascular, como diabetes, colesterol alto, hipertensão, histórico de doença coronária precoce e medida de cintura do quadril acima do normal (até 0,9 para homens e 0,85 para mulheres; a gordura no abdômen é a mais nociva) recomenda-se a tomografia de tórax com escore de cálcio coronário e o ultrassom das carótidas. A angiorressonância do crânio é indicada para pessoas com histórico de aneurismas no cérebro. Os exames mos$o que o médico William Osler já dizia: 'O homem é tão velho quanto suas artérias'. Isto é, o que se observa é que a idade vascular nem sempre corresponde à sua idade cronológica".

GORDURAS NO SANGUE: "Ter a fração de bom colesterol, o HDL, baixa é tão perigoso quanto ter o LDL, a gordura má, alto. E os medicamentos que existem para aumentar o HDL são pouco eficazes e têm efeitos adversos. Portanto, é melhor tentar elevar o HDL praticando atividade física regularmente e se alimentando de forma saudável, com orientação de nutricionista, até para evitar as dietas da moda. O ideal é que o HDL represente pelo menos 25% do colesterol total. Com relação aos triglicerídeos, esta gordura tem relação com o aumento do açúcar - a glicose - no sangue. Os triglicerídeos podem ser reduzidos com o uso $drogas do tipo fibratos, porém elas não devem ser associadas rotineiramente a estatinas (receitadas para baixar colesterol), porque essa combinação afeta os rins. Então devemos tratar primeiro a alteração mais grave."

NOVOS MARCADORES: "Um marcador muito estudado é a proteína C-reativa (a PCR). Quando está alta, indica inflamação em algum órgão. Esse é o problema de usá-la, porque não é específica para o coração. Pode estar alterada numa infecção por vírus ou num infarto. Mas estudos mostraram que pacientes sem diagnóstico de doença coronária e que apresentavam PCR acima de 2 se beneficiavam de estatinas. Então é preciso avaliar melhor esse marcador".

HIPERTENSÃO E CÂNCER: "Quem tem pressão alta deve ser avaliado individualmente. Nesta semana saíram estudos relacionando o uso de drogas bloqueadoras dos receptores da angiotensina ou BRA (um dos mais receitados) a risco moderado de câncer. Porém, são necessárias novas pesquisas. Para cada caso há um tratamento, dependendo da avaliação médica. Geralmente, o uso isolado de um único fármaco só funciona em casos leves. Não há receita de bolo".

CLÍNICO OU CIRÚRGICO: "De maneira geral, quem precisa de implante de três ou mais stents é candidato à cirurgia de revascularização do miocárdio. Por outro lado, pacientes tratados com angioplastia tendem a se descuidar com o tempo, voltam a se alimentar mal, a levar vida sedentária e suas artérias vão se obstruindo. Já os operados aderem melhor ao tratamento. Talvez porque se lembrem dos dias no CTI, no pós-operatório".

SONO RELAXANTE: "É essencial para o coração dormir bem. Alguns indivíduos chegam ao consultório se queixando de cansaço e acreditam que o coração está falhando. Quando investigamos, descobrimos que o problema está associado a distúrbios do sono, como apneia, que causa várias paradas respiratórias por alguns segundos, com queda de oxigenação, aumento de pressão, arritmias, falhas de memória, sonolência durante o dia. Às vezes basta melhorar a qualidade do sono para o coração ficar bem."

SAÚDE DA BOCA: "Cuidar da boca também é importante para o coração. Muitas das bactérias que vivem na cavidade oral entram no sangue e atingem o coração, o que pode ser perigoso em certos casos, como prolapso de válvula. Estudos com pacientes submetidos à angioplastia indicaram que a mesma espécie de bactéria encontrada no cateter balão vivia na boca".

DISFUNÇÃO ERÉTIL: "A disfunção erétil pode ser o primeiro sinal de que as artérias estão mal ou entupidas. Há drogas para tratar a dificuldade de ereção, e uma restrição é para cardíacos que tomam nitratos. E não adianta tratar apenas a disfunção. É preciso avaliar o paciente de forma geral, inclusive com relação à necessidade de reposição hormonal, com testosterona".

CUIDADO NA MENOPAUSA: "O efeito protetor do estrogênio ao coração diminui na menopausa. Estudos mostraram que a reposição hormonal nesse período pode ser perigosa, quando feita sem controle. Se a mulher não tem queixas graves, recomendo que evite a reposição. Mas se sofre com irritabilidade, ressecamento da pele, ondas de calor etc, deve consultar o ginecologista para saber se vale a pena tomar os hormônios. Se teve infarto, o cuidado deve ser maior".

CUIDAR DA MENTE: "Além do físico, é importante cuidar da mente. Muitos pacientes vivem sob estresse, carga enorme de informações, de poluição mental. É essencial controlar o estresse, ter momentos de lazer. Recomendo que as pessoas leiam mais para relaxar, mas não livros técnicos ou apenas jornais. A leitura de livros como romances é como uma 'musculação' para o nosso cérebro, e o coração agradece."

Fonte: Jornal O Globo